A morte de uma aluna da rede municipal de São Caetano causada por meningite bacteriana, ocorrida no fim do mês passado, deixou pais e estudantes em alerta. A garota, identificada apenas como
Beatriz, estudava na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Irineu da Silva, no bairro São José.
Na ocasião, a prefeitura informou que não havia risco de surto e que as aulas não seriam suspensas.
No entanto, a profissional de Recursos Humanos Raquel Campos, mãe de um aluno de 4 anos da mesma escola, afirmou estar muito preocupada. “Um dia após a morte da garotinha a escola entrou em contato e deu medicação para nosso filho. Mesmo assim, ele ficou uma semana sem ir às aulas”, afirmou.
“Já fui me informar sobre a vacinação, mas sei que não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) e custa, em média, R$ 180 a dose. Não tenho esse dinheiro disponível, mas também estou com muito medo do meu filho se contaminar”, completou Raquel.
A recepcionista Sueli Cristina de Almeida Leite, moradora do Bairro Mauá, também está muito apreensiva. “Na escola onde minha filha estuda (EMEF Ângelo Raphael Pellegrino), uma adolescente está internada desde a segunda-feira (2) com a mesma doença. Uma conhecida disse que foi levar o filho com febre ao pronto-socorro e recebeu orientação de ir para uma Unidade Básica de Saúde, porque no PS existiam muitos casos suspeitos”, completou.
Em nota, a prefeitura informou que a Vigilância Sanitária recebeu a notificação do óbito causado por meningite bacteriana no dia 22 de março e realizou imediatamente o bloqueio (medicação) nos familiares No mesmo dia, a vigilância entrou em contato com a direção da escola onde a criança estudava e no dia 23 fez o bloqueio em todos os alunos, bem como na escola de balé que a criança frequentava.
A Secretaria de Saúde do município nega que haja surto de meningite na cidade. Sobre o caso da Escola Angelo Raphael Pelegrino, a pasta afirma que não tem informação, pois o aluno encontra-se em hospital particular em Santo André. Segundo a secretaria, não procede a informação de que os prontos-socorros orientam pais a não permanecerem na unidade.
Casos da doença - Em 2011 em foram registrados quatro casos de meningite meningocócica (bacteriana) em residentes no município e em 2012 houve três notificações de pacientes que moravam em outras cidades.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, foram registrados 864 casos de meningite (incluindo bacterianas e virais) em 2010. No ano passado houve redução, com 728 registros. Quanto ao óbito da aluna no último mês, informou que a criança estudava em São Caetano, mas era moradora da Capital.
A professora da Faculdade de Medicina do ABC, Deborah Ascar Requena Perez, afirmou que “o tempo de incubação do meningococo é entre 12 e 24 horas. Se após esse intervalo as crianças não apresentaram sintomas, não há motivos para preocupação”, declarou.
Especialista alerta para sintomas da enfermidadeDe acordo com a infectopediatra Deborah Ascar Requena Perez, a meningiteé uma doença grave, com alta mortalidade e sequelas frequentes nos sobreviventes. Podem ser causadas por vírus, bactérias e, mais raramente, por fungos ou parasitas. Também podem ser causadas pelas bactérias da tuberculose e da sífilis. Deborah explicou que a meningite viral pode ser uma complicação de uma gripe ou resfriado, ou de um quadro diarréico. Varicela (catapora) e caxumba também são viroses que podem levar à doença.
A especialista afirmou que a meningite bacteriana, em geral, é um quadro grave que sempre necessita internação hospitalar, podendo, inclusive, evoluir rapidamente para morte ou apresentar sequelas variadas após sua cura. “Os principais sintomas são febre alta com um quadro de desânimo importante, vômitos, dor de cabeça, rigidez de nuca, sonolência ou irritabilidade. O aparecimento de manchas roxas na pele pode indicar uma evolução rápida e muitas vezes fatal”, destacou. (AM)
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